10 julho, 2010

Extremos do frio: A Verdade sobre os Esquimós e seu Metabolismo

Esquimós são grupos indígenas que tradicionalmente habitam ou habitaram regiões da Sibéria, Alasca e Canadá. Por muitas gerações esse povo tem vivido em regiões gélidas, utilizando muitas vezes ferramentas e utensílios rudimentares para conseguirem sobreviver. Apesar de todas as adversidades, porém, esses povos são bem adaptados para sobreviveram nessas regiões inóspitas e o tem feito com sucesso por muito tempo. Graças a isso, vários pesquisadores foram levados a pesquisarem quais as causas de tamanha adaptabilidade ao frio. Seria alguma diferença genética? Algo que se desenvolveu durante o porvir de cada geração e que conferiu algum tipo de vantagem ou resistência ao frio?

Com o propósito de responderem a essas perguntas, pesquisadores do Departamento de Fisiologia do Artic Aeromedical Laboratory do Alasca realizaram uma série de experimentos comparando a Taxa de Metabolismo Basal dos esquimós de algumas regiões com a dos homens brancos (caucasianos). Antes, porém, de descrever o experimento, é importante definir taxa de metabolismo basal: é a quantidade mínima de energia necessária somente para o funcionamento de órgãos vitais e para sustentar o organismo em estado de repouso. O experimento foi o seguinte: foram selecionados grupos de esquimós saudáveis de ambos os sexos e de diferentes regiões do Alasca, dentre estes alguns grupos possuíam comportamento e hábitos alimentares relativamente parecidos com o do homem branco e outros eram grupos bastante tradicionais de esquimós. Mediu-se, então, o metabolismo basal médio destes esquimós e comparou-se os resultados com os obtidos de um grupo controle composto por homens brancos. Os resultados obtidos encontram-se na tabela a seguir:



A primeira coluna(sempre considerando da esquerda para a direita) indica a região do Alasca de onde vieram os grupos de esquimós estudados. Dentre estes quatro, os nativos de Kotzebue são os que possuem maior semelhança alimentar e comportamental com os homens brancos. A segunda coluna indica a taxa metabólica basal média de cada grupo. A terceira indica a variação com relação ao padrão de DuBois, que é um padrão de taxa metabólica basal adotado para os seres humanos. Como na época em que foi estabelecido esse padrão não foram levados em consideração alguns fatores como o nervosismo, a ansiedade, dentre outros, geralmente a taxa metabólica normal de um homem branco saudável se encontra -2% abaixo dessa média. A quarta coluna indica a quantidade de proteínas ingeridas por dia, e a quinta coluna indica a quantidade de nitrogênio eliminado através da urina, dado em horas ( o período de análise foi de 5 horas). A partir destes resultados, fica fácil concluir que a taxa de metabolismo basal do esquimós realmente é bem maior do que a dos homens brancos comuns, o que contribui para a produção de calor basal gerado pelo organismo, ajudando talvez na adaptação do frio. Mas como explicar esse fenômeno? Como os esquimós possuem esta habilidade? Outro experimento foi feito com esses mesmos grupos de esquimós a fim de procurar uma resposta. Notou-se que na alimentação destes esquimós a presença de proteínas é extremamente alta, devido ao fato de a maioria deles se alimentar praticamente só de carne de mamíferos terrestres e aquáticos e de peixes. Assim sendo, tentou-se introduzir uma dieta alimentar bastante rica em proteínas aos homens brancos do grupo controle ( um dado curioso é que o grupo de pesquisadores fracassou em aplicar a mesma dieta dos esquimós ao grupo controle, visto que este não conseguiu administrar a enorme e exclusiva quantidade de carne da dieta regular dos esquimós) e uma dieta com maior quantidade de carboidratos e lipídeos aos esquimós. Os resultados indicados na tabela:

Mostram que a taxa metabólica basal dos esquimós decresceu até os valores normalmente esperados de se encontrar nos homens brancos. Nos homens do grupo controle, todavia, a taxa metabólica basal atingiu os altos níveis normalmente encontrados nos esquimós. Com isso, os cientistas concluíram que não existem diferenças genéticas entre o homem caucasiano e o esquimó com relação ao metabolismo basal, e que as diferenças normalmente encontradas se devem à dieta extremamente rica em proteínas dos esquimós. Isso ocorre porque as proteínas são até 30% mais difíceis para o organismo digerir do que carboidratos, fazendo com que o metabolismo do corpo aumente e acabe produzindo maior calor basal.

Isso mostra que as situações extremas não são necessariamente danosas ao metabolismo: ele se adapta às condições e se supera continuamente na busca de um funcionamento ótimo (para determinadas condições, obviamente).

Um comentário:

  1. achei boa a explicaçao,porem a febre dos esquimos é parecida ou não com a dos caucasianos

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