Mergulhar em busca de alimento, para salvamento, ou para fins militares é uma tradição antiga. Afora a falta de ar, a principal dificuldade experimentada por um mergulhador é o efeito entre a profundidade do mar e a pressão, e entre essa sobre o volume dos gases, explicada pela Lei de Boyle.
Uma coluna de água do mar com 10m de altura exerce sobre seu fundo a pressão de 1 atm. Normalmente, um mergulhe respirando ar está exposto ao nitrogênio, ao oxigênio e ao dióxido de carbono, e cada um destes gases pode, quando sob alta pressão, provocar distúrbios funcionais importantes.
O gás carbônico: Se o equipamento de mergulho tiver sido adequadamente projetado e estiver funcionando corretamente, o mergulhador não terá problemas decorrentes de intoxicação pelo dióxido de carbono, pois a profundidade por si só, não faz aumentar a pressão parcial de dióxido de carbono nos alvéolos. Isso é verdade, porque a profundidade não faz aumentar a taxa de produção de dióxido de carbono pelos tecidos do corpo, desde que o mergulhador continue a respirar com um volume na mesma proporção em que este é formado, mantendo assim normal a pressão parcial de dióxido de carbono no ar alveolar. Entretanto, se houver acúmulo de dióxido de carbono no espaço morto do equipamento, ele é reinalado pelo mergulhador. Acima do nível de 80 mmHg de CO2 a situação torna-se intolerável e o centro respiratório começa a ser deprimido, ao invés de excitado, em conseqüência dos efeitos negativos da pressão do CO2. A ventilação do mergulhador começa então a falhar ao invés de ter atuação compensadora. Além disso, o mergulhador desenvolve intensa acidose respiratória, seguem-se letargia, narcose e, finalmente, anestesia.
O Nitrogênio: À pressão existente ao nível do mar, o nitrogênio não exerce nenhum efeito conhecido sobre as funções corporais, mas, sob altas pressões, ele pode causar graus variáveis de narcose. Quando o mergulhador permanece abaixo da superfície do mar respirando ar comprimido por 1h ou mais, os primeiros sintomas de narcose leve aparecem à profundidade de cerca de 36,5m, apresentando euforia. Se permanecer por muito tempo, abaixo dos 15m, fica quase que inerte. A narcose pelo nitrogênio tem características similares às da intoxicação pelo álcool e, por esta razão, tem sido frequentemente chamada de “embriaguez das profundezas”.
O oxigênio: Como resultado do processo do metabolismo do oxigênio, produzem-se radicais livres com grande capacidade para reagir quimicamente com os tecidos do corpo, e isso se acentua à medida que a pressão se eleva. Como efeito, a exposição a uma pressão de oxigênio da 4 atm por mais de 30 min causa convulsões seguidas de coma na maioria das pessoas.
Outras manifestações de intoxicação pelo oxigênio são náuseas, fasciculações musculares, tonteiras, distúrbios visuais, irritabilidade e desorientação.
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