04 agosto, 2010

Extremos da Mente- Depressão


Todos os nossos pensamentos, ações, e até mesmo a nossa personalidade, são regulados, em um âmbito mais profundo, por uma rede de reações químicas muito bem orquestradas que ocorrem no organismo. Sendo o ser humano capaz de interagir com o ambiente e interpretar as diversas situações a que é exposto de forma singular, como a mente reage quando as influências externas e internas que incidem sobre o indivíduo tornam-se tão extremas ao ponto de se tornarem insuportáveis, e até mesmo quase patológicas? O que ocorre no corpo que leva muitas vezes o indivíduo ao suicídio ou a matar seu próprio filho?
A depressão é um estado clínico que acomete geralmente pessoas que vivenciaram situações traumáticas ( na maioria das vezes são situações crônicas) ou extremas como a perda de um ente querido, queda de nível social, fracasso no âmbito sexual, etc. Vale lembrar que a resposta de cada pessoa a cada situação é individual, e uma situação às vezes banal para a maioria das pessoas pode ser uma potencial causadora de depressão em outro grupo de indivíduos.
Várias são as hipóteses que tentam explicar as causas e origens da depressão. Uma delas diz que a depressão é uma adaptação evolutiva, sendo um método com o qual o indivíduo aprende a “aceitar” ou a se resignar com uma situação, pois possíveis atitudes para tentar repará-la ou modificá-la poderiam causar um dano maior ou um desperdício de esforço. Outras hipóteses dizem respeito à preservação de energia com relação aos exercícios físicos, principalmente no inverno, pois no passado, casos de depressão em épocas de frio e de escassez de comida poderia ser uma estratégia interessante para a sobrevivência da espécie. Esse fato ainda pode ser percebido nos dias atuais, pois os seres humanos ainda possuem uma tendência a se sentirem mais abatidos durante o frio. (vale lembrar que no homem primitivo a depressão possui proporções completamente diferentes, haja vista as diferenças de intensidade, causa, aceitação social, dentre outros).
Alguns dos principais sintomas da depressão no homem moderno são*:
-Fatiga e perda de energia
-Problemas relacionados ao sono
-Perda ou aumento de apetite
-Perda de libido
-Problemas de concentração
-Tristeza excessiva
-Perda de entusiasmo

(*) A presença de alguns desses sintomas não quer dizer necessariamente que o indivíduo está em depressão. O diagnóstico só pode ser dado um psiquiatra ou por um profissional qualificado.

Como ocorre, então, a depressão? O cérebro é um órgão capaz de se adaptar às condições adversas a qual é exposto. Se alguma situação traumática for excessivamente prejudicial ao organismo (estresse crônico), este altera a forma de funcionamento dos seus neurônios, a fim de tentar reduzir estes efeitos maléficos ao organismo. Este acelera a troca sináptica entre os neurônios, a princípio com o objetivo ou de resolver a situação ou para tentar escapar do estresse. Essa atitude acaba resultados nos chamados: “Neurônios Esgotados”, que é um estado neuronal em que a tentativa de trocar impulsos entre os neurônios é intensa, porém ineficiente. Uma das formas de tratamento consiste, então, em “distrair” o neurônio esgotado, ou seja, induzir um menos número de sinapses e garantir que estas sejam efetivas.
Partindo desse princípio, desenvolveram-se métodos para ajudar no diagnóstico de depressão. Um deles é o teste de urina que visa analisar a quantidade de metabólitos derivados de neurotransmissores presentes, e com isso, pode-se concluir que há um distúrbio neuronal. Na análise do neurotransmissor norepinefrina, por exemplo, procura-se identificar a quantidade do metabólito 3,4-MPGH(3-metoxi-4-hidroxi- fenilglicol), um metabólito exclusivo da norepinefrina, na urina. Após a coleta dos dados, compara-se com a taxa normal de excreção desse metabólito de pessoas que não possuem nenhum distúrbio neurológico, e se os resultados forem divergentes, pode-se concluir que há a presença dos neurônios esgotados. O metabolismo da norepinefrina e , de forma semelhante, de outras catecolaminas ( família de neurotransmissores semelhantes à norepinefrina), ocorre basicamente da seguinte maneira: enzimas monoamina oxidases transformas as catecolaminas em diferentes tipos de aldeídos, dependendo do neurotransmissor em questão. Esses aldeídos, por serem muito tóxicos ao organismo, precisam ser eliminados rapidamente. No caso da norepinefrina, particularmente, uma enzima aldeído redutase forma um composto intermediário, que por sua vez sofre uma metilação pela enzima COMT( catechol-O-metil transferase) formando a 3,4 MPGH.

A depressão, assim como diversos outros distúrbios neurológicos, muitas vezes estão associados à genialidade e a imensa criatividade. Muitos estudos foram feitos sobre isso, e realmente os dados estatísticos mostram que pessoas com depressão tendem a possuir maiores habilidades deste gênero. Algumas grandes personalidades que possuíam depressão: Vincent Van Gogh, Ludwig Van Beethoven, Sigmund Freud, dentre outros. Outros estudos tem sido efeitos a fim de entender o real impacto e propósito biológico da depressão, visto que comuns são os casos em que os próprios princípios biológicos primordiais de todos os seres vivos ( nascer, crescer, se alimentar, reproduzir) são quebrados, seja por causa do suicídio, pelo assassinato do próprio filho ( depressão pós-parto), dentre outros.

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