13 agosto, 2010

Extremos da Temperatura - Resistência ao calor por atletas

Faleceu, dia 07 de agosto deste ano, o russo Vladimir Ladyzhensky, finalista do campeonato mundial de sauna, realizado em Heinola, na Finlândia. As regras desse campeonato são bem simples: os participantes são submetidos a uma temperatura de 110°C, e aquele que conseguir suportar mais tempo dentro da sauna e sair sem ajuda e conscientemente vence. Vladimir Ladyzhensky e seu adversário, Timo Kaukonen, já estavam a mais de 6 minutos dentro da sauna competindo quando a equipe de médicos e organizadores notou que os competidores não estavam mais em condições de competir e interromperam a prova. Ambos foram encaminhados ao hospital, porém Ladyzhensky não resistiu e morreu no caminho. Timo Kaukonen está em estado grave, porém estável, internado no hospital.
Os competidores desse esporte de resistência extrema desenvolveram um quadro de hipertermia, que se estabelece quando a temperatura corpórea ultrapassa o limiar dos 38,3 °C. Um espectador presente na ocasião relatou de Ladyzhensky apresentava convulsões e contrações musculares espasmódicas. Esses efeitos, assim como diversos outros apresentados quando num quadro de hipertermia, se devem principalmente à perda excessiva de água pela transpiração, o primordial mecanismo de resfriamento do corpo. Essa perda excessiva de suor leva também a uma perda de eletrólitos pelo organismo (como cálcio, por exemplo) responsáveis pelo controle da contração muscular e de diversos outros mecanismos do corpo, fazendo com que a perda de água e sais em excesso leve à disfunção múltipla de órgãos.
O corpo dos atletas, porém, possui uma adaptação que garante maior resistência à presença de elevadas temperaturas. Antes, todavia, é importante conhecer o conceito de endotoxina: é uma toxina de origem bacteriana que faz parte da estrutura desse organismo, e que não é produzida com finalidades parasitórias ou de infecção por parte da bactéria ( é simplesmente um conjunto de moléculas que fazem parte da constituição da bactéria)que são liberadas apenas quando da morte ou destruição desses organismos. Assim sendo, sabe-se que o lúmen do intestino possui uma quantidade significativa de bactérias que vivem em simbiose com o corpo humano, e de bactérias que são ingeridas durante o dia-a-dia . Essas bactérias possuem endotoxinas que liberam citoquinas, que são agentes pró-inflamatórios, aumentando então a temperatura do corpo (nesse caso através da febre). Atletas treinados possuem um maior aporte cardiovascular, garantindo, além de uma maior perda de calor através dos vasos sanguíneos dilatados (característicos da hipertermia), uma maior irrigação vascular na região gastrointestinal, o que favorece a entrada e o movimento continuo dessas endotoxinas no sangue, impedindo que estas se acumulem no tecido da região, evitando, então, a febre induzida por endotoxinas ( isso evita que os efeitos da febre se acumulem aos efeitos da hipertermia causados, por exemplo, no campeonato de sauna). Já pessoas sedentárias possuem uma menor eficiência de distribuição cardiovascular, fazendo com que ocorra um acúmulo de endotoxinas, e consequentemente de citoquinas, na região da lúmen intestinal, causando além de febre, vomito, diarreia e náuseas

Mais informações sobre os extremos da temperatura se encontram no painel abaixo (apresentado por Eduardo Nasser) que possui informações pertinentes à algumas postagens do blog( ver posts sobre os esquimós, o mágico e este próprio)

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