27 agosto, 2010

Extremos do Sono – Conceitos e Recorde Mundial


Randy Gardner era apenas um estudante de 17 anos, residente de San Diego, na Califórnia, na época em que quebrou o recorde mundial de maior número de horas sem dormir. Existem alguns dados mostram que o recorde de Randy ( estabelecido em 1964) já foi quebrado, porém ainda considera-se que o recorde pertence a ele, visto que o caso dele foi o único que possuiu o acompanhamento médico e científico necessário para validar o recorde.
Randy ficou 264 horas, ou seja, onze dias, sem dormir e sem utilizar nenhuma substância estimulante, e ele conta que a sua motivação (talvez por rebeldia da adolescência) era simplesmente mostrar que passar muito tempo sem dormir não causava lesões à saúde. Embora ele e até mesmo alguns outros pesquisadores defendam que Randy realmente não sofreu nenhuma injúria considerável, e que este passou os onze dias acordado e em plena saúde, dados e fontes mais confiáveis mostram que não foi bem isso o que aconteceu (até mesmo porque Randy dedicou exclusivamente os onze dias para bater o recorde, ou seja, não continuou com suas práticas diárias) e que passar muitas horas sem dormir pode ser prejudicial à saúde e pode diminuir o desempenho nas atividades cotidianas.
Ficar muito tempo sem dormir, entretanto, não ocorre somente por opção, como no caso de Randy Gardner. Muitas pessoas sofrem com distúrbios de sono e não conseguem dormir as 8 horas de sono recomendadas pelo especialistas, e por isso acabam adquirindo problemas de concentração, mau humor, baixa capacidade de raciocínio e cansaço excessivo. Muitos fatores estão relacionados à perda da capacidade de dormir adequadamente, e conhecer um pouco da bioquímica do sono ajuda a entender alguns deles.
O principal neurotransmissor relacionado com a capacidade de dormir é a melatonina, que é produzida na glândula pineal, a partir de uma cascata de reações a partir do triptofano. A melatonina é produzida principalmente quando a pessoa se encontra em um lugar escuro, por isso as vezes é conhecido como o “hormônio da escuridão” ( hormônio porque, assim como a adrenalina, este se comporta como hormônio e neurotransmissor). A melatonina é produzida a partir do triptofano, e forma a serotonina como composto intermediário, como na figura a seguir:
A serotonina é o neurotransmissor relacionado às sensações prazerosas, sendo que seu déficit contribui para o quadro de depressão ( logo, um dos sintomas da depressão também é a insônia). É interessante o fato de que a serotonina só é produzida se houver a presença de vitamina D, que possui sua síntese auxiliada pela presença das radiações solares. Logo, em um dia em que a exposição ao Sol é constante, ocorre maior formação de serotonina e, de noite, de melatonina, garantindo uma boa noite de sono. Esse processo de síntese, entretanto, não é tão simples assim. Como evidenciado na figura acima, são necessárias diversas moléculas e substâncias, como a vitamina B6, Magnésio, Zinco, dentre outros, para se transformar triptofano em melatonina.Logo, tratar a insônia e outros distúrbios relacionados ao sono é uma tarefa difícil, visto que se houver deficiência de qualquer um destes acima citados, a produção de melatonina será comprometida. É recomendado, então, que uma pessoa que sofra de distúrbios para dormir frequente um médico ou especialistas a fim de descobrir a causa do problema e tratá-lo de forma mais racional e eficiente.

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