27 agosto, 2010

Extremos da velhice - Doença de Huntchinson-Gilford

Você já parou para pensar como a vida passa muito rápido?? Agora, pense em uma criança de apenas cinco anos ou seis, mas com a aparência de quem já passou dos 60. A estatura é baixa, condizente com a idade real. Seus cabelos, no entanto são brancos, enquanto a pele é enrugada, tipica de um idoso. Parece filme de ficção (como o filme "the curious case of benjamin Button), mas é a realidade enfrentada por quem sofre de progeria (síndrome de Hutchinson-Gilford). Na prática, as pessoas que possuem essa rara doença experimentam praticamente todos os efeitos do processo de envelhecimento natural ao qual qualquer pessoa está submetida, mas de maneira incrivelmente precoce. O motivo pelo qual essas pessoas possuem essa doença é o fato da mutação no gene LMNA, que fica no cromossomo 1 do genoma humano.

Descoberta em 2003, essa mutação ocorre ainda nos primeiros dias de desenvolvimento embrionário. Ela leva à produção anormal de um proteína importante para a formação da parte interna da membrana do núcleo celular. O resultado é a má formação dessa membrana, que de alguma maneira desencadeia a velhice.

Incidência: 1 em 8 milhões de nascimentos.

Extremos da Reação - Alergia a água


Como muitos colegas vieram perguntar, decidimos criar um novo post (,mas adicionando algumas informações e curiosidades). Novamente, o nome da doença é Urticária Aquagênica.
Àgua é um dos elementos que mais abunda na crosta terrestre e é um dos elementos mais fundamentais na nossa saúde. Dependemos dela para a hidratação do corpo e higienização corporal. Isso sem contar o fato de que essa é a substância mais abundante no nosso corpo - 60% da massa total, aproximadamente. Agora, todos já notaram o drama... Como a pessoa é alergica a água???
As vitimas dessa improvável doença estão sujeitos a erupção cutânea de gravidade variável toda vez que entram em contato com a pele. As causas da reação, descritas pela primeira vez em 1964, ainda são misteriosas, segundo a especialista da universidade de Gênova - Rosella Gallo. Alguns pacientes enfrentam problemas com qualquer tipo de água - até com lágrimas e suor. Outros são sensíveis apenas à água quente ou salgada. Suspeita-se que a alergia possa estar relacionada a substâncias presentes na água tratada, como cloro. Mas por enquanto não passa de hipóteses.
No geral, os portadores se veem eternamente obrigados a tomar banhos rápidos e frios. As manchas na pele aparecem em 15 minutos após o contato, podendo levar duas horas ou mais para desaparecer. A doença ainda não tem cura. Mas há relatos de pacientes que se curaram sem medicamentos... mas tudo ainda é muito nova.
Tratamento: Evitar ao máximo o contato com a água. Vaselina pode ser usada para criar uma película protetora na pele, diminuindo a probabilidade e a intensidade das reações.

Extremos da reação - Alergias



Extremos da reação - Insensibilidade ao frio


O holandês Wim Hof ( na foto a direita), 51 anos, coleciona nove recordes no Guinness por suas façanhas. Uma de suas proezas foi ficar com o corpo submerso em gelo, de sunga, durante uma hora e treza minutos. Conhecido como "homem-gelo", também mergulhou no Polo Norte e disputou meia maratona descalço no gelida Finlândia, a -25°C, usando apenas um shorte. Nessas condições, o sistema cardiovascular de pessoas normais entrariam em colapso. Mas Wim Hof não se abala: em vez de entrar em hipotermia, seu corpo estabiliza em torno de 35°C, o que lhe garante um metabolismo considerado normal.Ele brinca com os repórteres "Consigo controlar meu termostato". O medico americano, autor do livro Surviving the Extremes, Kenneth Kamler, acredita que a resistência de Hof venha das coneções de seu sistema nervoso. Segundo o medico, um sistema semelhante ao que fazemos no coração poderia ser utilizado em outros orgãos. Ou pode ser pelo fato de Hof praticar Tumo (técnica de meditação usada por monges do Tibe para tolerar o frio). Se fosse apenas a pratica de meditação, Hof seria a única pessoa a dominar totalmente a técnica.
http://www.youtube.com/watch?v=madoDvtKEes

RUN, FORREST, RUN!


Reza a lenda que, no ano 490 antes de Cristo, o heróico Pheidíppides sacrificou sua vida para retornar a Atenas com a notícia de que tinham conquistado os inimigos persas na cidade de Maratona. A distância de aproximadamente 40 quilômetros percorrida pelo lendário corredor inspirou a prova olímpica nomeada Maratona, lembrando o feito do ateniense ao voltar da cidade com aquele nome.


Em 1896, a maratona teve sua estréia nos Jogos Olímpicos modernos e, desde então, se torna cada vez mais popular. A distância da corrida, de inicialmente 40 quilômetros, foi alterada em 1908 para a marca de 42.195 metros graças a uma alteração no percurso: os Jogos eram em Londres e a pista foi deslocada para poder passar em frente ao Castelo de Windsor, de onde a família real poderia assistir parte da prova.

Apesar de extremas, as maratonas em si não nos interessam no momento. Queremos condições muito mais extremas, que levem o organismo e a determinação ao seu limite! E por isso o nosso assunto principal agora é... (suspense)... Maratonas Extremas!!!

(Maratona extrema no Marrocos)

As maratonas extremas recebem esse nome graças às condições físicas do local onde são praticadas (desertos, montanhas, florestas), às condições ambientais (extremo calor, frio, umidade, secura), às distâncias percorridas e, principalmente, a todos esses fatores somados!

Consideradas "hobbies" para ricaços ou maratonistas de plantão, similarmente ao alpinismo, as maratonas atráem milhares de corredores todos os anos nos mais diversos locais: desertos e florestas da África, Cordilheira dos Andes, Pólo Norte, Savanas nos Estados Unidos, tundras no Canadá. As distâncias percorridas variam muito de acordo com o local, mas geralmente são na faixa de 50 a 100 quilômetros, mas podem exceder essa faixa.

Por ser do interesse de ricaços, a revista Forbes muitas vezes lança em suas edições artigos sobre esses eventos. Em uma de suas edições, estão relatadas as TOP 10 Provas Extremas de Resistência, que incluem Maratonas Extremas. São elas:
  • The Raid: Campeonato Mundial de corrida de longa distância. Geralmente ultrapassando os 200km, o Campeonato acontece em diferentes locais a cada edição - sendo um dos locais os Alpes Suíços, Franceses e Italianos. As provas são todas de equipe e englobam trechos de bicicleta, escalada, natação e corrida, todos em condições extremas de clima, altitude, distância. As equipes que conseguirem fazer menores tempos ou maiores distâncias recebem prêmios milionários - para compensar a taxa de admissão, que não é para todos.












  • La Ruta de los Conquistadores: cruzando toda a Costa Rica, de grandes altitudes a regiões costeiras no Caribe, a Rota dos Conquistadores é uma prova de ciclismo de duração de 3 dias. Sua rota é inspirada na de um conquistador espanhol, Juán de Caballón, que percorreu toda a sua extensão, que inclui florestas fechadas, rios de forte correnteza, pântanos, dois vulcões e diversas regiões de micro-climas dos mais variados. De chuvas torrenciais a estiagens castigadoras, de frio cortante a calor "dos infernos". Apenas 400 ciclistas podem participar, sendo 200 nativos que têm que passar por provas de qualificação e 200 estrangeiros que pagam nada mais nada menos que 700 dólares de taxa de inscrição. A Forbes recomenda.
  • Rally Dakar: Desde 1979, esse evento esportivo atrái viciados em adrenalina para cruzar os desertos inóspitos da África Saariana. Começando sempre em um ponto diferente na Europa, corredores atravessam milhares de quilômetros em caminhões, carros e motos, ajudados por dezenas de carros de apoio ao longo do deserto. Certas edições apresentaram apenas 40% de corredores que terminaram a prova, devido às condições extremas.As equipes vencedoras são as que terminam (obviamente) e completam os estágios em menos tempo entre os pontos de checagem.


  • Vendée Globe: Mais de 80 dias da mais perfeita solidão. É o que promete a prova de circunavegação da Terra, a Vendée Globe, que acontece de tempos em tempos. Os competidores não podem ter assistência nenhuma: viajam sozinhos e sem comunicação com os demais. Se o teste não é físico, pelo menos mentalmente não se pode questionar a resistência necessária para sobreviver a tanto isolamento e ainda se concentrar em vencer a prova. A rota: saindo da França, circulando pela costa da África até o Cabo da Boa Esperança, o Cabo Leeuwin na Austrália e o Cabo Horn na América do SUl, retornando pelo Atlântico ao ponto de partida. É para dar água na boca dos ricaços desocupados e que querem um tempo longe da esposa (só não podem levar amantes).

  • Ultramaratona Badwater: pode não ser a mais difícil em questão de distância, mas a ultramaratona de Badwater é certamente uma das mais quentes. Por todo o Vale da Morte (Death Valley, Estados Unidos), os maratonistas percorrem 135 quilômetros do mais gostoso sol de verão no deserto (abaixo do nível do mar) ao frio congelante dos 8.360 pés na base do Monte Whitney. Os 75 corredores convidados enfrentam rodovias movimentadas, temperaturas agradabilíssimas de mais de 50ºC no deserto, entre outros prazeres de verão - a prova acontece em julho. Em uma das edições, o escritor de livros de maratona e ultramaratonista Dean Karnazes, além de ter sido o primeiro colocado isolado dentre os 75, continuou mais 17 quilômetros até o topo do Monte Whitney, o maior pico dos Estados Unidos (parte continental). Só não bate o Forrest Gump...




  • Corrida de Trenó com cachorros de Iditarod: por uma trilha que historicamente foi muito usada pelo serviço de postagem no Alaska, mais de 60 equipes com 12 a 16 cachorros cada se aventuram por quase 2000 quilômetros, cruzando montanhas, florestas fechadas, tundras de um branco sem fim e regiões costeiras com ventos de congelar até a alma. Além da emoção, um prêmio que ultrapassa 500 mil dólares (em dinheiro, carros e outros prêmios) encoraja muitas equipes a participarem dessa prova extrema pra cachorro!


  • Triatlo: a prova que levou a maratona normal ao seu extremo com seus estágios de corrida, bicicleta e natação. Provas como o Iron Man são famosíssimas por sua dificuldade e as histórias fascinantes de superação por trás dos participantes. Um dos casos mais interessantes é o do americano Rick Hoyt, que, com seus mais de quarenta anos, correu, nadou e pedalou por ele e por seu filho Dickk Hoyt, que formavam a equipe Hoyt. Para realizar o sonho do filho, que tinha sido dado quase como um "vegetal" pelos seus médicos, o pai empurrou a cadeira de rodas do filho, puxou-o num bote enquanto nadava e o carregou numa bicicleta especial durante os 3,8 km de natação, 180 km de ciclismo e 42 km de corrida. É o extremo da superação e do amor de pai pela felicidade do filho. Até hoje os dois correm diversas provas juntos.



  • Copa Tevis de Montaria: 160 quilômetros na montaria, durante 24 horas, através das montanhas de Sierra Nevada. Além de completar a prova, os animais (tanto o cavalo quanto o montado nele) devem estar "prontos para continuar" ao cruzar a linha de chegada. Por isso, muitos postos veterinários são montados ao longo do caminho - como pit-stops. Além da resistência do cavalo, haja virilha e derrière para aguentar tanto tempo de montaria! A maioria das edições tem apenas 60% dos participantes conseguindo chegar até o final do percurso, aguentando o dia inteiro de montaria por terrenos irregulares e temperaturas infernalmente quentes e frias nas várias horas do dia.
  • Safari Aquático do Texas (Texas Water Safari): três dias de canoagem em equipe por mais de 262 milhas sem paradas, pelos rios San Marcos e Guadalupe, que desembocam no Golfo do México. Além da resistência de aguentar 3 dias de canoagem sem paradas, as equipes enfrentam correntezas alucinantes, regiões rochosas e regiões com troncos de árvores que ameaçam a integridade de qualquer canoa.

  • Maratona da Trilha dos Incas: Por mais que seu comprimento de 44km faça pensar que é uma maratona qualquer, tudo muda quando se trata de uma trilha traçada pelos povos pré-colombianos da região dos Andes, passando pela histórica cidade perdida de Machu Pichu.. Muito cuidado para não escorregar nas escadas e trilhas de pedra de séculos atrás. Com a ajuda e supervisão de guias, é uma viagem difícil de se planejar; apenas algumas empresas tem a permissão para levar turistas à região e oferecê-los um pacote com a visão dos pontos turísticos e a maratona, no mês de junho. As grandes altitudes e as belezas da região andina atráem diversos corredores dependentes de picos de adrenalina.

Interessado em participar de uma corrida pela trilha dos Elefantes (Addo Elephant Park), na África do Sul, por percursos de 25 a 100 milhas (160 km)? Sua chance está aí! Em 11 de março de 2011, a póxima edição da Addo Elephant Trail, que vale como prova classificativa para uma das provas do Campeonato Internacional de Corridas de Longa Distância, na face norte do Mont Blanc! É uma experiência e tanto! Inscreva-se já!

Extremos do Mergulho


Embolia gasosa ou doença da descompressão:: A embolia por gás é a obstrução dos vasos sanguíneos causada pela presença de bolhas na corrente sanguínea, normalmente provocadas quando um mergulhador sofre uma descompressão muito rápida, fazendo com que os gases que haviam se dissolvido no sangue e nos tecidos fossem liberados na forma de bolhas, produzindo bloqueios dos vasos sanguíneos.

Quando um gás é respirado sob pressão, mais quantidade dele se dissolve nos flúidos corporais. A presença do gás adicional nos flúidos e tecidos do copro não é um problema enquanto ele permanece em solução.
Se um mergulhador volta à superfície lentamente, os gases dissolvidos são eliminados através dos pulmoões com rapidez suficiente para evitar a doença descompressiva. Mas se o mergulhador volta subitamente à superfície, os gases podem abandonar o estado dissolvido e formar bolhas nos tecidos e especialmente no sangue, onde acluem pequenos vasos sanguíneos.

O bloqueio de vasos sanguíneos impedem que o sangue flua para os tecidos, ocasionando uma falta de oxigênio e nutrientes que pode levar à morte celular ou ainda pode haver dano para os tecidos, caso bolhas de gás se formem em seu interior, já que isso pode deformar células, ou rompê-las, interrompendo seu funcionamento.
O principal gás responsável pela formação de bolhas é o nitrogênio.

Painel de Desnutrição


Painel de desnutrição, apresentado por Ivo de Castro.

Extremos do Mergulho

Mergulhar em busca de alimento, para salvamento, ou para fins militares é uma tradição antiga. Afora a falta de ar, a principal dificuldade experimentada por um mergulhador é o efeito entre a profundidade do mar e a pressão, e entre essa sobre o volume dos gases, explicada pela Lei de Boyle.
Uma coluna de água do mar com 10m de altura exerce sobre seu fundo a pressão de 1 atm. Normalmente, um mergulhe respirando ar está exposto ao nitrogênio, ao oxigênio e ao dióxido de carbono, e cada um destes gases pode, quando sob alta pressão, provocar distúrbios funcionais importantes.


O gás carbônico: Se o equipamento de mergulho tiver sido adequadamente projetado e estiver funcionando corretamente, o mergulhador não terá problemas decorrentes de intoxicação pelo dióxido de carbono, pois a profundidade por si só, não faz aumentar a pressão parcial de dióxido de carbono nos alvéolos. Isso é verdade, porque a profundidade não faz aumentar a taxa de produção de dióxido de carbono pelos tecidos do corpo, desde que o mergulhador continue a respirar com um volume na mesma proporção em que este é formado, mantendo assim normal a pressão parcial de dióxido de carbono no ar alveolar. Entretanto, se houver acúmulo de dióxido de carbono no espaço morto do equipamento, ele é reinalado pelo mergulhador. Acima do nível de 80 mmHg de CO2 a situação torna-se intolerável e o centro respiratório começa a ser deprimido, ao invés de excitado, em conseqüência dos efeitos negativos da pressão do CO2. A ventilação do mergulhador começa então a falhar ao invés de ter atuação compensadora. Além disso, o mergulhador desenvolve intensa acidose respiratória, seguem-se letargia, narcose e, finalmente, anestesia.

O Nitrogênio: À pressão existente ao nível do mar, o nitrogênio não exerce nenhum efeito conhecido sobre as funções corporais, mas, sob altas pressões, ele pode causar graus variáveis de narcose. Quando o mergulhador permanece abaixo da superfície do mar respirando ar comprimido por 1h ou mais, os primeiros sintomas de narcose leve aparecem à profundidade de cerca de 36,5m, apresentando euforia. Se permanecer por muito tempo, abaixo dos 15m, fica quase que inerte. A narcose pelo nitrogênio tem características similares às da intoxicação pelo álcool e, por esta razão, tem sido frequentemente chamada de “embriaguez das profundezas”.


O oxigênio:
Como resultado do processo do metabolismo do oxigênio, produzem-se radicais livres com grande capacidade para reagir quimicamente com os tecidos do corpo, e isso se acentua à medida que a pressão se eleva. Como efeito, a exposição a uma pressão de oxigênio da 4 atm por mais de 30 min causa convulsões seguidas de coma na maioria das pessoas.
Outras manifestações de intoxicação pelo oxigênio são náuseas, fasciculações musculares, tonteiras, distúrbios visuais, irritabilidade e desorientação.

Super Humanos - Ecolocalização


Os seres humanos possuem capacidades fantásticas de adaptabilidade às adversidade encontradas. Às vezes nós mesmos desconhecemos a extensão de nossas capacidades, que só se manifestam quando nos encontramos em situações extremas. Os super-heróis tão populares na cultura ocidental, por exemplo, representam justamente essa ideia: a da existência de habilidades que vão além do comum.
Não é necessário, porém, apelar para a fantasia para podermos testemunhar as incríveis capacidades dos seres humanos. Existem pessoas reais, acreditem ou não, que como o super-herói dos quadrinhos: o Demolidor conseguem se guiar através de técnicas que se assemelham a sonares, ou seja, se baseiam no eco produzido pela reflexão dos sons nos objetos para se guiarem.
Nosso primeiro exemplo de pessoas que possuem essa incrível habilidade é Ben Underwood. Bem foi diagnosticado com Retinoblastoma bilateral ( câncer nos olhos, de forma bem grosseira) quando não tinha nem dois meses de vida, e perdeu completamente a visão nos dois olhos quando aos dois anos de idade. Com o tempo, Bem, então, desenvolveu a incrível habilidade de ecolocalização. Ele emitia frequentes sons de “click” com a língua, e utilizava o eco utilizado por isso para se guiar. Bem se recusava usar os bastões guia, geralmente utilizado por deficientes visuais, pois ele dizia que estes eram para deficientes, e ele não se considerava uma pessoa debilitada de qualquer maneira. Com isso, Ben praticava corrida, basquete, andava de patins, enfim, vivia a vida como se uma pessoa sem nenhuma dificuldade visual. Até mesmo sua mãe dizia que as vezes esquecia que o filho era deficiente visual. Na foto abaixo vemos Ben se equilibrando em um hidrante sem a necessidade de qualquer auxilio.
Outro exemplo fantástico de pessoas que conseguem utilizar a ecolocalização é o de Daniel Kish. Daniel utiliza um mecanismo que frequentemente produz os barulhos de “click”, e ele também utilizava estes para se guiar. Porém, diferente de Ben, Daniel utilizava os bastões guia também para produzir sons, e aliava as duas técnicas para melhor se guiar. Kish leciona a ecolocalização para deficientes visuais, e, além disso, pratica e leciona mountain-biking e escalada para pessoas com deficiência ( e ele é muito bom nisso!). Abaixo vemos Daniel praticando mountain-biking.
Vale lembrar que devido às limitações auditivas e da frequência dos sons que os seres humanos são capazes de emitir, a habilidade de ecolocalização dos seres humanos consegue apenas identificar o tamanho e a posição de objetos relativamente grandes, não se comparando, portanto, às técnicas análogas que alguns animais possuem, como por exemplo os morcegos.

Extremos do Sono – Conceitos e Recorde Mundial


Randy Gardner era apenas um estudante de 17 anos, residente de San Diego, na Califórnia, na época em que quebrou o recorde mundial de maior número de horas sem dormir. Existem alguns dados mostram que o recorde de Randy ( estabelecido em 1964) já foi quebrado, porém ainda considera-se que o recorde pertence a ele, visto que o caso dele foi o único que possuiu o acompanhamento médico e científico necessário para validar o recorde.
Randy ficou 264 horas, ou seja, onze dias, sem dormir e sem utilizar nenhuma substância estimulante, e ele conta que a sua motivação (talvez por rebeldia da adolescência) era simplesmente mostrar que passar muito tempo sem dormir não causava lesões à saúde. Embora ele e até mesmo alguns outros pesquisadores defendam que Randy realmente não sofreu nenhuma injúria considerável, e que este passou os onze dias acordado e em plena saúde, dados e fontes mais confiáveis mostram que não foi bem isso o que aconteceu (até mesmo porque Randy dedicou exclusivamente os onze dias para bater o recorde, ou seja, não continuou com suas práticas diárias) e que passar muitas horas sem dormir pode ser prejudicial à saúde e pode diminuir o desempenho nas atividades cotidianas.
Ficar muito tempo sem dormir, entretanto, não ocorre somente por opção, como no caso de Randy Gardner. Muitas pessoas sofrem com distúrbios de sono e não conseguem dormir as 8 horas de sono recomendadas pelo especialistas, e por isso acabam adquirindo problemas de concentração, mau humor, baixa capacidade de raciocínio e cansaço excessivo. Muitos fatores estão relacionados à perda da capacidade de dormir adequadamente, e conhecer um pouco da bioquímica do sono ajuda a entender alguns deles.
O principal neurotransmissor relacionado com a capacidade de dormir é a melatonina, que é produzida na glândula pineal, a partir de uma cascata de reações a partir do triptofano. A melatonina é produzida principalmente quando a pessoa se encontra em um lugar escuro, por isso as vezes é conhecido como o “hormônio da escuridão” ( hormônio porque, assim como a adrenalina, este se comporta como hormônio e neurotransmissor). A melatonina é produzida a partir do triptofano, e forma a serotonina como composto intermediário, como na figura a seguir:
A serotonina é o neurotransmissor relacionado às sensações prazerosas, sendo que seu déficit contribui para o quadro de depressão ( logo, um dos sintomas da depressão também é a insônia). É interessante o fato de que a serotonina só é produzida se houver a presença de vitamina D, que possui sua síntese auxiliada pela presença das radiações solares. Logo, em um dia em que a exposição ao Sol é constante, ocorre maior formação de serotonina e, de noite, de melatonina, garantindo uma boa noite de sono. Esse processo de síntese, entretanto, não é tão simples assim. Como evidenciado na figura acima, são necessárias diversas moléculas e substâncias, como a vitamina B6, Magnésio, Zinco, dentre outros, para se transformar triptofano em melatonina.Logo, tratar a insônia e outros distúrbios relacionados ao sono é uma tarefa difícil, visto que se houver deficiência de qualquer um destes acima citados, a produção de melatonina será comprometida. É recomendado, então, que uma pessoa que sofra de distúrbios para dormir frequente um médico ou especialistas a fim de descobrir a causa do problema e tratá-lo de forma mais racional e eficiente.

24 agosto, 2010

Extremos da Temperatura - Nova marca no Guinness

Famoso pelo inpacto nos seus números, o mágico americano David Blaine,22 anos,mostrou a sua capacidade contra o extremo da temperatura. Na agitada Times Square de Nova York, ele se trancou em um bloco de gelo de seis toneladas e ficou exposto ao olhar de curiosos durante 63 horas. Vestido apenas com algumas calças,botas e um boné e possuia monitores presos ao corpo para medir seus sinais vitais.Para respirar e tomar água, utilizava um tubo que atravessa o pedaço de gelo,eculpido com o formato do corpo do mágico. Na entrevista David Blaine disse: "Foi a experiência mais dolorosa pela qual já passei". Analisando melhor a situação do mágico, ele teve de ficar em pé,imóvel e sem dormir, até o final da prova, quando o bloco começou a ser quebrado.
O mais bizarro foi o israelense que passou 66 horas sepultado em um bloco de gelo de oito toneladas, tudo para bater o recorde de David Blaine. Hezi Dayan foi selado em um grande bloco de gelo na praça dos Rabinos em Tel Aviv( Rabin Square in Tel Aviv). Com 29 anos de idade, vestindo apenas uma camisa e um jeans, o israelita quebra o recorde.Embora centenas de fãs aparecerem para vê-lo, ele se dizia fraco para comemorar e foi rapidamente levado pela ambulância.

Como todos sabem, o corpo humano não consegue resitir a grandes variações de temperatura interna. Aproximadamente aos 42°C, as proteínas começam a degradar e todo o corpo entra em pane. No frio, o metabolismo cai, mas não é tão fatal quanto o calor. O termômetro precisa descer ,aproximadamente, até 20°C. Em ambientes úmidos - no caso do mágico-, a transpiração evapora com mais dificuldade, por isso sentimos mais as temperaturas elevadas. Para enfrentar o frio, o organismo faz a pessoa tremer e ,sintetizar mais, as termogeninas.
Fazendo uma análise geral, a capacidade de resistência do corpo humano depende da temperatura externa, da umidade, do vento, do tempo de exposição ao meio e da maneira que a pessoa está exposta(com ou sem roupas).




Video durante a apresentação : http://www.youtube.com/watch?v=59o02QXY2SE&feature=player_embedded
Video libertando o mágico: http://www.youtube.com/watch?v=QfVVfgacnu4&feature=player_embedded

13 agosto, 2010

Extremos da Temperatura - Resistência ao calor por atletas

Faleceu, dia 07 de agosto deste ano, o russo Vladimir Ladyzhensky, finalista do campeonato mundial de sauna, realizado em Heinola, na Finlândia. As regras desse campeonato são bem simples: os participantes são submetidos a uma temperatura de 110°C, e aquele que conseguir suportar mais tempo dentro da sauna e sair sem ajuda e conscientemente vence. Vladimir Ladyzhensky e seu adversário, Timo Kaukonen, já estavam a mais de 6 minutos dentro da sauna competindo quando a equipe de médicos e organizadores notou que os competidores não estavam mais em condições de competir e interromperam a prova. Ambos foram encaminhados ao hospital, porém Ladyzhensky não resistiu e morreu no caminho. Timo Kaukonen está em estado grave, porém estável, internado no hospital.
Os competidores desse esporte de resistência extrema desenvolveram um quadro de hipertermia, que se estabelece quando a temperatura corpórea ultrapassa o limiar dos 38,3 °C. Um espectador presente na ocasião relatou de Ladyzhensky apresentava convulsões e contrações musculares espasmódicas. Esses efeitos, assim como diversos outros apresentados quando num quadro de hipertermia, se devem principalmente à perda excessiva de água pela transpiração, o primordial mecanismo de resfriamento do corpo. Essa perda excessiva de suor leva também a uma perda de eletrólitos pelo organismo (como cálcio, por exemplo) responsáveis pelo controle da contração muscular e de diversos outros mecanismos do corpo, fazendo com que a perda de água e sais em excesso leve à disfunção múltipla de órgãos.
O corpo dos atletas, porém, possui uma adaptação que garante maior resistência à presença de elevadas temperaturas. Antes, todavia, é importante conhecer o conceito de endotoxina: é uma toxina de origem bacteriana que faz parte da estrutura desse organismo, e que não é produzida com finalidades parasitórias ou de infecção por parte da bactéria ( é simplesmente um conjunto de moléculas que fazem parte da constituição da bactéria)que são liberadas apenas quando da morte ou destruição desses organismos. Assim sendo, sabe-se que o lúmen do intestino possui uma quantidade significativa de bactérias que vivem em simbiose com o corpo humano, e de bactérias que são ingeridas durante o dia-a-dia . Essas bactérias possuem endotoxinas que liberam citoquinas, que são agentes pró-inflamatórios, aumentando então a temperatura do corpo (nesse caso através da febre). Atletas treinados possuem um maior aporte cardiovascular, garantindo, além de uma maior perda de calor através dos vasos sanguíneos dilatados (característicos da hipertermia), uma maior irrigação vascular na região gastrointestinal, o que favorece a entrada e o movimento continuo dessas endotoxinas no sangue, impedindo que estas se acumulem no tecido da região, evitando, então, a febre induzida por endotoxinas ( isso evita que os efeitos da febre se acumulem aos efeitos da hipertermia causados, por exemplo, no campeonato de sauna). Já pessoas sedentárias possuem uma menor eficiência de distribuição cardiovascular, fazendo com que ocorra um acúmulo de endotoxinas, e consequentemente de citoquinas, na região da lúmen intestinal, causando além de febre, vomito, diarreia e náuseas

Mais informações sobre os extremos da temperatura se encontram no painel abaixo (apresentado por Eduardo Nasser) que possui informações pertinentes à algumas postagens do blog( ver posts sobre os esquimós, o mágico e este próprio)

05 agosto, 2010

Extremo das Altitudes



Nas grandes altitudes, como no majestoso Monte Evereste (foto acima), na Cordilheira do Himalaia (Ásia Central), o organismo passa por diversas provações e se encontra em condições verdadeiramente extremas. Por curiosidade, vejamos quais são os 14 maiores picos do mundo, cuja escalada é motivo de honra para os alpinistas do todo o mundo:

  • Everest (8.850 metros), no Himalaia, na fronteira entre o Nepal e o Tibete;
  • K-2 (8.611 metros), nos montes Karakoram, no Paquistão;
  • Kanchenjunga (8.598 metros), no Himalaia, lado nepalês;
  • Lhotse (8.501 metros), Himalaia, lado nepalês;
  • Makalu (8.463 metros), Himalaia, lado nepalês;
  • Cho Oyu (8.201 metros), Himalaia, lado nepalês;
  • Dhaulagiri (8.167 metros), Himalaia, lado nepalês;
  • Manaslu (8.156 metros), Himalaia, lado nepalês;
  • Annapurna (8.091 metros), Himalaia, lado nepalês;
  • Hidden Peak (8.068 metros), montes Karakoram, no Paquistão;
  • Broad Peak (8.046 metros), montes Karakoram, no Paquistão;
  • Shisha Pangma (8.046 metros), Himalaia, lado tibetano e
  • Gasherbrum II (8.034 metros), Paquistão.
Apesar de só relatar picos das maiores montanhas, todos acima de 8.000 metros, as condições adversas das grandes altitudes começam em altitudes muito menores. Acima dos 2.500 metros de altura, aproximadamente, começam os problemas - como mostrado na figura à direita. Problemas esses chamados Doenças ou Males de Altitude (altitude sickness).

Vejamos as condições que levam a esses males. Um dos primeiros sintomas sentidos nas grandes e extremas altitudes é o frio constante, intensificado pelos fortes ventos - que também dão uma sensação de secura do ar. E a estimativa é de que, a cada 100 metros de altura, a temperatura caia de 1ºC.
Além dos problemas clássicos relacionados ao frio - hipotermia, por exemplo -, a baixa temperatura agrava os problemas causados pela principal privação das grandes altitudes: a baixa pressão parcial de oxigênio (PO2), ou seja, a baixa oxigenação.

O que significa essa Pressão parcial de O2? Acontece que, quanto maior a altitude de um lugar em relação à crosta terrestre, menor é a sua pressão atmosférica. Isso porque a quantidade absoluta de ar diminui proporcionalmente à altitude. Sendo assim, a baixa oxigenação é resultado a diminuição do ar atmosférico como um todo, e não do oxigênio especificamente. Tanto é assim que o teor de oxigênio é de 21% do ar atmosférico seja ao nível do mar ou no Evereste - a diferença é que no Evereste, há 30% do ar que há ao nível do mar, e, consequentemente, 30% do oxigênio. No gráfico ao lado podemos analisar a relação da altitude com a PO2 e algumas regiões.

Depois de toda essa enrolação... quais são então os reflexos dessa baixa pressão de oxigênio no organismo quando escalando ou vivendo em regiões altas? Acontece o que chamamos de Hipóxia (ou Hipóxia de Altitude, no caso), que é o metabolismo em baixa oxigenação (hipo=baixa, oxia=oxigenação). O oxigênio nos é vital por ser o último aceptor de elétrons da cadeia fosforilativa - sem a qual não temos energia o suficiente para manter nosso funcionamento ideal (existem as formas anaeróbicas de produção de energia, mas não são viáveis por muito tempo). Além da produção de energia, o oxigênio, recebendo completamente os elétrons, evita o acúmulo desses elétrons e a formação de espécies eletricamente carregadas e extremamente reativas, as Espécies Reativas de Oxigênio (ERO's) caracterizadas como radicais livres. O corpo sempre procura manter um balanço dessas espécies através de oxidações e reduções. O desbalanço dessas espécies, como o causado pela queda da oxigenação, é chamado de stress oxidativo. O stress oxidativo é extremamente perigoso pois esses radicais livres (entre eles as ERO's) são responsáveis por degradar membranas, organelas e diversos componentes celulares, prejudicando o funcionamento do organismo - proporcionalmente à quantidade de radicais livres.

Um mal muitíssimo comum (cerca de 60% dos alpinistas apresentam) é o Mal das Montanhas, causado pelo stress oxidativo dos primeiros estágios das escaladas e agravado pelo extremo frio (baixa do sistema imunológico). Seus sintomas são: cefaléia (dores de cabeça), náusea, vômitos (e consequente desidratação), tonturas e prostração (cansaço extremo e desmaios). Pode ser corrigido por antioxidantes (redutores do stress oxidativo), redução do ritmo de subida, descer alguns níveis, suprimento por balão de oxigênio, entre outros. Quando muito elevado (altitudes muito acima de 3000 metros), o stress oxidativo e os outros sintomas podem se agravar e gerar o Mal Agudo das Montanhas, que gera dores de cabeça muito fortes, vertigem, desmaios, vômitos. A vasodilatação no encéfalo pode acabar causando edemas, que veremos posteriormente.

Uma das respostas do corpo, de maneira imediata, à hipóxia é a hiperventilação: aumentar o ritmo respiratório (como ao fim dos exercícios físicos e/ou situações de fadiga extrema) para aumentar a captação de O2 no pulmão. É uma estratégia relativamente eficiente num primeiro momento para suprir os órgãos de oxigênio (evitando a hipoxilemia - baixa oxigenação dos órgãos). Juntamente com um aumento no ritmo respiratório, o coração aumenta seu ritmo de bombeamento para que o sangue possa distribuir mais rapidamente o oxigênio captado. Para colaborar com o aumento da circulação, ocorre a vasodilatação e o aumento da permeabilidade dos vasos, para facilitar a passagem de O2 para os órgãos.

O problema em situação de hiperventilação é que o organismo acaba eliminando CO2 em excesso (mais do que capta O2), o que causa uma alcalose do sangue (aumento significativo do pH sanguíneo por falta de ácido carbônico). A alcalose, o aumento da permeabilidade dos vasos e a vasodilatação são os principais responsáveis por causar o vasamento de líquido dos vasos para os órgãos, causando os chamados edemas - especialmente na região da hematose (alvéolospulmonares) e na região encefálica (onde a vasodilatação é bem pronunciada). Os edemas podem matar e devem ser identificados rapidamente: o pulmonar pode matar em poucos dias e o cerebral, em poucas horas.

Mas, com tantos problemas, como é possível que se passem semanas ou até meses (ou mesmo anos, no caso de quem vive nas altitudes) nas grandes altitudes? Existe algum mecanismo de adaptação? A resposta é "sim", existem mecanismos para o que é chamado de período de aclimatação. Acontecem nas duas primeiras semanas em grandes altitudes (mais de 2800 metros, via de regra), e são responsáveis por otimizar o funcionamento do organismo em situação de baixa oxigenação. A lógica da aclimatação é: se o corpo tem pouco oxigênio à disposição, deve-se otimizar a captação do oxigênio do meio. E que "ferramenta" é responsável pela captação eficaz de oxigênio na hematose? A nossa querida ferroproteína sanguínea presente nos glóbulos vermelhos (hemácias): a hemoglobina. O corpo então trabalha para aumentar o nível de hemoglobina no sangue. Detalharemos como isso ocorre a seguir.

Em uma situação de hipóxia, são acionados os HIF's - Hipoxia-Induced Factor's (Fatores Induzidos por Hipóxia), responsáveis por uma série de mudanças metabólicas relacionadas com a produção de eritrócitos (células vermelhas do sangue) - os HIF's atuam na expressão de genes responsáveis pela produção dos fatores necessários nessa eritropoiese, como o ferro e a proteína eritropoietina (EPO). Os HIF's promovem a secreção de EPO pelos rins (e fígado, menos importante), ativa os receptores de EPO na medula óssea, ativa fatores que melhoram a absorção de ferro no sistema digestório, ativa seu armazenamento e seu transporte para a medula óssea.



Com a eritropoietina e o ferro na médula óssea, ocorre a eritropoiese (formação de eritrócitos - hemácias iniciais). Com o aumento do número de eritrócitos e, consequentemente, hemácias, há um aumento na quantidade de hemoglobina no sangue. O objetivo inicial de captação é atingido. Mas com a contínua baixa de oxigenação e eritropoiese mediada por HIF's (mostrada na figura ao lado), o número de hemácias no sangue começa a ser prejudicial: embora haja o aumento significativo na eficiência de captação de oxigênio, a distribuição deste é prejudicada. O aumento de hemácias gera uma aumento proporcional na viscosidade do sangue, que começa a circular mais lentamente. Com isso, a pressão cardíaca é aumentada para tentar circular esse sangue mais viscoso. Mas de pouco adianta o aumento da pressão - só serve para aumentar as chances de rompimentos de vasos e formação de edemas. Por isso os edemas são mais observados depois de algumas semanas em grandes altitudes: juntam-se os fatores de risco iniciais com o aumento de viscosidade do plasma e aumento de pressão sanguínea. Além disso, todos esses fatores estão evolutivamente relacionados com baixa fertilidade em povos que vivem nessas regiões (exceto os tibetanos, e veremos o motivo).

Dos povos que vivem em grandes altitudes, os dois principais são os andinos e os tibetanos. Desses, os tibetanos são os que vivem há mais tempo (dados arqueológicos indicam até 7 milênios de existência, mas há discussão), e uma pesquisa recente (publicada na Science de Julho de 2010) de uma equipe internacional de pesquisadores e cientistas atentou para o fato de os tibetanos, comparados aos demais chineses e outros povos, como os andinos, que vivem em grandes altitudes, terem maior taxa de fertilidade e menos ocorrência de males da montanha. A reportagem da Science sobre o paper pode ser lida ao clicar na imagem:



Em suma, a pesquisa mostra traços de uma possível evolução dentro da espécie humana: os tibetanos seriam geneticamente adaptados a enfrentar as condições adversas. A teoria é baseada pelo fato de que a codificação dos genes responsáveis pelos HIF's teria modificações nos tibetanos, o que evitaria a eritropoiese mediada por HIF's, reduzindo drasticamente a quantidade de hemoglobina nos tibetanos. Mas também não haveria o problema da viscosidade sanguínea, pior problema encontrado pelos demais povos de altitude. Além disso, foi atestado que os tibetanos apresentam outros mecanismos que compensam a baixa captação na hora de evitar o stress oxidativo e a eficiência na distribuição do oxigênio captado. Entre esses mecanismos, podem ser descritos o aumento dos capilares (maior eficiência circulatória, menor probabilidade de hipoxilemia),diminuição do número de mitocôndrias (e da necessidade de oxigênio), como mostrado na tabela ao lado, e maior produção de agentes antioxidantes.

Abaixo, painel da apresentação do tema (por Mateus Félix) pelo grupo de extremos, contendo as principais referências bibliográficas do post.

04 agosto, 2010

Extremos da Mente- Depressão


Todos os nossos pensamentos, ações, e até mesmo a nossa personalidade, são regulados, em um âmbito mais profundo, por uma rede de reações químicas muito bem orquestradas que ocorrem no organismo. Sendo o ser humano capaz de interagir com o ambiente e interpretar as diversas situações a que é exposto de forma singular, como a mente reage quando as influências externas e internas que incidem sobre o indivíduo tornam-se tão extremas ao ponto de se tornarem insuportáveis, e até mesmo quase patológicas? O que ocorre no corpo que leva muitas vezes o indivíduo ao suicídio ou a matar seu próprio filho?
A depressão é um estado clínico que acomete geralmente pessoas que vivenciaram situações traumáticas ( na maioria das vezes são situações crônicas) ou extremas como a perda de um ente querido, queda de nível social, fracasso no âmbito sexual, etc. Vale lembrar que a resposta de cada pessoa a cada situação é individual, e uma situação às vezes banal para a maioria das pessoas pode ser uma potencial causadora de depressão em outro grupo de indivíduos.
Várias são as hipóteses que tentam explicar as causas e origens da depressão. Uma delas diz que a depressão é uma adaptação evolutiva, sendo um método com o qual o indivíduo aprende a “aceitar” ou a se resignar com uma situação, pois possíveis atitudes para tentar repará-la ou modificá-la poderiam causar um dano maior ou um desperdício de esforço. Outras hipóteses dizem respeito à preservação de energia com relação aos exercícios físicos, principalmente no inverno, pois no passado, casos de depressão em épocas de frio e de escassez de comida poderia ser uma estratégia interessante para a sobrevivência da espécie. Esse fato ainda pode ser percebido nos dias atuais, pois os seres humanos ainda possuem uma tendência a se sentirem mais abatidos durante o frio. (vale lembrar que no homem primitivo a depressão possui proporções completamente diferentes, haja vista as diferenças de intensidade, causa, aceitação social, dentre outros).
Alguns dos principais sintomas da depressão no homem moderno são*:
-Fatiga e perda de energia
-Problemas relacionados ao sono
-Perda ou aumento de apetite
-Perda de libido
-Problemas de concentração
-Tristeza excessiva
-Perda de entusiasmo

(*) A presença de alguns desses sintomas não quer dizer necessariamente que o indivíduo está em depressão. O diagnóstico só pode ser dado um psiquiatra ou por um profissional qualificado.

Como ocorre, então, a depressão? O cérebro é um órgão capaz de se adaptar às condições adversas a qual é exposto. Se alguma situação traumática for excessivamente prejudicial ao organismo (estresse crônico), este altera a forma de funcionamento dos seus neurônios, a fim de tentar reduzir estes efeitos maléficos ao organismo. Este acelera a troca sináptica entre os neurônios, a princípio com o objetivo ou de resolver a situação ou para tentar escapar do estresse. Essa atitude acaba resultados nos chamados: “Neurônios Esgotados”, que é um estado neuronal em que a tentativa de trocar impulsos entre os neurônios é intensa, porém ineficiente. Uma das formas de tratamento consiste, então, em “distrair” o neurônio esgotado, ou seja, induzir um menos número de sinapses e garantir que estas sejam efetivas.
Partindo desse princípio, desenvolveram-se métodos para ajudar no diagnóstico de depressão. Um deles é o teste de urina que visa analisar a quantidade de metabólitos derivados de neurotransmissores presentes, e com isso, pode-se concluir que há um distúrbio neuronal. Na análise do neurotransmissor norepinefrina, por exemplo, procura-se identificar a quantidade do metabólito 3,4-MPGH(3-metoxi-4-hidroxi- fenilglicol), um metabólito exclusivo da norepinefrina, na urina. Após a coleta dos dados, compara-se com a taxa normal de excreção desse metabólito de pessoas que não possuem nenhum distúrbio neurológico, e se os resultados forem divergentes, pode-se concluir que há a presença dos neurônios esgotados. O metabolismo da norepinefrina e , de forma semelhante, de outras catecolaminas ( família de neurotransmissores semelhantes à norepinefrina), ocorre basicamente da seguinte maneira: enzimas monoamina oxidases transformas as catecolaminas em diferentes tipos de aldeídos, dependendo do neurotransmissor em questão. Esses aldeídos, por serem muito tóxicos ao organismo, precisam ser eliminados rapidamente. No caso da norepinefrina, particularmente, uma enzima aldeído redutase forma um composto intermediário, que por sua vez sofre uma metilação pela enzima COMT( catechol-O-metil transferase) formando a 3,4 MPGH.

A depressão, assim como diversos outros distúrbios neurológicos, muitas vezes estão associados à genialidade e a imensa criatividade. Muitos estudos foram feitos sobre isso, e realmente os dados estatísticos mostram que pessoas com depressão tendem a possuir maiores habilidades deste gênero. Algumas grandes personalidades que possuíam depressão: Vincent Van Gogh, Ludwig Van Beethoven, Sigmund Freud, dentre outros. Outros estudos tem sido efeitos a fim de entender o real impacto e propósito biológico da depressão, visto que comuns são os casos em que os próprios princípios biológicos primordiais de todos os seres vivos ( nascer, crescer, se alimentar, reproduzir) são quebrados, seja por causa do suicídio, pelo assassinato do próprio filho ( depressão pós-parto), dentre outros.